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Conheça o motorista de ônibus Severino, famoso por alimentar cachorro de rua na Avenida Brasil
14/12/2018 09:32 em Novidades

O motorista de ônibus Severino Benedito dos Santos, de 53 anos, viralizou nas redes sociais na última semana ao ser visto alimentando uma cadela na Avenida Brasil, nas proximidades do Cemitério do Caju, na Zona Portuária do Rio. A história foi postada no Facebook pela conta "Zona Oeste RJ News". Há 12 anos trabalhando como motorista da linha 343, que faz diariamente o trajeto entre o terminal Jardim Oceânico, na Barra da Tijuca, e a Candelária, no Centro, Severino alimenta há um ano a cadela que apelidou carinhosamente de Pretinha.

 

Sempre bem-humorado, a sua rotina como motorista começa às 4h15m, quando sai da garagem, na Freguesia, na Zona Oeste. Carrega sempre um pequeno saco plástico contendo ração para alimentar Pretinha e outros animais que apareçam pelo caminho, e uma pequena garrafa térmica branca com café e copos plásticos, para um morador de rua que o aguarda sempre no viaduto próximo à rodoviária Novo Rio. Os passageiros se admiram com o gesto de bondade e não reclamam da breve parada.

 

— Eu faço o mesmo caminho há muito tempo. Há um ano eu estava passando entre a passarela três e quatro na Avenida Brasil e vi a cadela, parada na calçada, sem comida e água. No outro dia saí de casa decidido a dar comida a ela. Também levei uma vasilha para colocar água, e estou aí até hoje. Parei o ônibus onde ela fica, um pouco antes do ponto, e chamei 'Ô, Pretinha, vem cá!' — contou o motorista.

Até mesmo nos dias de folga, o motorista faz questão de alimentar Pretinha. Coloca ração no saco plástico, como de costume, e segue de carro até o ponto de encontro na Avenida Brasil, onde a cadela o espera ansiosamente, balançando o rabo.

Paraibano do município de Sapé, Severino estudou até a quarta série, o que corresponde atualmente ao 5º ano, e interrompeu os estudos para começar a trabalhar. Aos 16 anos, iniciou atividade na roça, ainda no Nordeste, e depois se mudou com a família para São Paulo. Há 20 anos, veio para o Rio em busca de emprego e conheceu Sônia, com quem se casou. Hoje mora em uma residência de dois cômodos com ela e o seu pinscher, Pitico, na Tijuquinha, comunidade do Itanhangá, na Zona Oeste.

 

— Não tenho filhos. Meu filho é o Pitico, é o meu xodó — conta, sorrindo.

 

Na capital fluminense, já trabalhou como vigia, mas se descobriu na profissão de motorista. Severino atribui à sua família a paixão por animais e a entrega à caridade.

 

— Esse meu cuidado vem da minha mãe, que já faleceu. Ela não podia ver uma pessoa na rua que queria ajudar, além de amar animais. Tínhamos até um papagaio. Aprendi isso com ela. Se cada um fizer um pouquinho pelo próximo, o mundo pode ser um lugar bem melhor. E a gente consegue, viu? Acho que cada um de nós tem um dom. O meu é o de ajudar.

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